Há mais de duas décadas que a internet entrou nos meios de comunicação. Ainda assim, agências de publicidade e comunicação ainda buscam o modelo mais eficiente e viável financeiramente para absorver este canal.
Seja em suas estratégias, campanhas ou como um "serviço" a ser ofertado a clientes activos e prospects, atravessar a ponte para o digital sempre recaí na dúvida sobre o retorno do investimento.
Formar um departamento, contratar um executivo sênior, especialista em digital, fechar parceria com uma produtora. Qual é a melhor alternativa?
Para resumir, a resposta não está aqui.
A resposta está em três pontos que são singulares em cada empresa:
- A capacidade financeira.
- A saúde da relação com a carteira de clientes (e o processo de prospecção de novos negócios).
- A disposição para rever conceitos.
Por isso, nenhuma das alternativas postas acima é genericamente a melhor. Mas uma delas é a mais adequada à realidade da empresa. Vamos a elas.
Formação de um departamento.
Montar um departamento digital não é como contratar uma dupla de criação. O canal digital é plural em todas as suas nuances e não é diferente nos variados perfis profissionais necessários. Portanto, para ser pleno no digital, é necessário minimamente alguns dos cargos abaixo.
- Atendimento e/ou Gerente de projetos.
- Arquiteto de informação
- Web designer
- Redator
- Desenvolvedor
Certamente pode-se utilizar de profissionais já contratados na empresa, mas estes precisam ter experiência prévia com o meio ou dedicarem-se a aprender, o que pode tornar-se uma tarefa longa de resultados pouco convincentes perante seus clientes.
O ponto sensível nesta opção é o desafio de promover junto ao mercado, que a empresa tem gabarito no assunto. Neste momento vale a boa relação com os clientes atuais para ajudar na geração de portfólio sem esforço de prospecção.
A dica é montar o departamento de acordo com a demanda. Não se consegue ser full service da noite para o dia. Comece por serviços de retorno contínuo e resultado imediato, como criação de newsletters, peças digitais (banners) e manutenção de redes sociais. Estes serviços exigem um grupo reduzido de perfis profissionais e garante o pagamento das despesas do departamento até a agência ganhar experiência para alçar voos mais altos e saber se expor a novos clientes.
Contratação de executivo sênior
Esta é uma opção que traz receio, pois trata-se de um investimento alto num único profissional. Mas se bem feita, é a que confere maior potencial de resultado. O especialista em digital, é capaz de aplicar na agência a capacidade integradora e transversal do meio digital. Se este profissional tem perfil de liderança e experiência em novos mercados, ele o fará de forma endógena e exógena.
Na cultura interna da empresa, ele é capaz de permear por todos os departamentos, desde de atendimento e criação até aos sócios que muitas vezes não tem o diálogo de venda deste meio bem sedimentado. Ele também consegue implantar a metodologia de desenvolvimento de projectos, cujas etapas respeitam cronogramas e testes. Muito diferente da eventual correria para entrega de peças criativas. Este profissional passa a ser o braço direito do atendimento e do tráfego para trabalhar as expectativas de clientes quando aos entregáveis e prazos.
Ao final, a empresa passa a ter um verniz de conhecimento num assunto que está ligado em todas as áreas. Gradualmente e naturalmente, esta pauta passa a ser considerada nas estratégias e dos novos projectos, que muitas vezes ocorrem em reuniões de briefing, encontros casuais e almoços com clientes.
Para os clientes da agência, o executivo da área digital consegue potencializar a comunicação e estratégias feitas em curso. Este profissional, agora permite que a agência ofereça um serviço fundamental que é a criação da estratégia de presença digital das marcas, a serem desenvolvidas à medida para cada cliente, sempre focado em resultados mensuráveis.
O cliente também passa a ter confiança na agência para incluí-la nas concorrências de projectos digitais, pois sabe que há alguém capaz de compreender e desenvolver a melhor solução. E finalmente, este profissional é capaz de contribuir para a contratação mais assertiva de futuros profissionais para um novo departamento digital.
O ponto em questão está na produção dos projectos. Neste aspecto, muitas agências, que optam por ter um head of digital, confiam a ele a responsabilidade de formação de parcerias estratégicas com produtoras, capazes se dar vazão às demandas, sempre exigentes e com prazos apertados. Ele também fica responsável pelo controlo de qualidade dos projectos, por ter a visão holística do processo, desde o briefing até o go live.
Parceria com produtoras
Com ou sem um head of digital, a opção de parceria com uma outra agência digital ou produtora é uma alternativa bastante plausível quando o assunto é contenção de custos.
Na associação com outra empresa há sempre a sensação da perda da força da marca da agência, que "divide" o projecto do seu cliente com outra empresa. Neste aspecto é impossível esconder esta parceria, e quem tenta, acaba por perceber que a transparência é sempre a melhor saída.
Por isso, a escolha por uma empresa de bons antecedentes, com uma boa bagagem e equipa capaz de suprir as demandas, é um bom caminho quando não há como fazer contratações.
Uma dica é deixar a empresa parceira realizar seu trabalho sem tentar absorver parte do projecto. Principalmente se não houver profissionais com experiência no digital.
O importante é saber aproximar-se do processo feito pela parceira. Observe as suas soluções e processos para interpretar e aplicar o digital com a estratégia e conceito criativo já criado pela sua agência para seu cliente.
Outra dica é envolver a empresa parceira desde o início de cada projecto. O sucesso desta escolha, muitas vezes recai na compreensão das demandas sob a ótica do cliente (e não da agência) e da capacidade do parceiro de contribuir durante o processo. Mas principalmente, para que o assunto "prazo" seja discutido antes e não depois que o cliente definiu a data de entrega.
A conclusão final é que não importa o modelo, o digital é um meio importante para a sobrevivência de agências de comunicação e é preciso iniciar um processo bem planeado financeiramente e com base nas premissas anteriormente mencionadas. Vale da boa relação com os clientes para saber ouvir suas demandas com este meio e assim ajudar a traçar o melhor caminho.
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